
A ação policial realizada nesta terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, já é considerada a mais letal da história do estado, com 132 mortos confirmados até esta quarta-feira (29), segundo balanço da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.
Operação Contenção: confronto com o Comando Vermelho
Batizada de Operação Contenção, a ação teve como alvo integrantes da facção Comando Vermelho (CV) e mobilizou cerca de 2.500 agentes das polícias Civil e Militar. O objetivo era cumprir mandados de prisão e desarticular pontos de controle territorial da facção.
Segundo a Polícia Civil, dos 132 mortos, 4 são policiais e os demais seriam suspeitos armados que teriam reagido à abordagem. O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, afirmou que “a polícia não entra atirando, entra recebendo tiro” e que “o resultado quem escolheu não foi a polícia, foram eles”.
Moradores retiram corpos de área de mata
A operação gerou forte comoção após moradores retirarem ao menos 72 corpos de uma área de mata na Serra da Misericórdia, entre os complexos do Alemão e da Penha. Os corpos foram levados até a Praça São Lucas, onde familiares e vizinhos se reuniram em busca de informações.
Esses corpos não constavam no balanço oficial divulgado inicialmente pelo governo estadual, que falava em 64 mortos. A Defesa Civil foi acionada para auxiliar na remoção dos corpos, e o Instituto Médico-Legal (IML) está realizando a identificação das vítimas.
Reações e críticas
Organizações de direitos humanos, parlamentares e movimentos sociais classificaram a ação como uma chacina e pedem investigação independente. O governador Cláudio Castro (PL), por outro lado, defendeu a operação como “bem-sucedida” e afirmou que “as únicas vítimas registradas foram os policiais”.
A Defensoria Pública divulgou nota reafirmando seu compromisso com a defesa dos direitos fundamentais e solicitou acesso aos laudos periciais para verificar a legalidade das mortes.
Investigação em andamento
A Corregedoria da Polícia Militar e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) acompanham o caso. A expectativa é que os laudos do IML e os registros de câmeras corporais dos agentes sejam fundamentais para esclarecer as circunstâncias das mortes.





