Lula classifica operação policial no Rio como “matança” e pede investigação federal sobre mortes

Durante entrevista concedida a agências internacionais nesta terça-feira (4), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a megaoperação policial realizada no Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho, que resultou na morte de 121 pessoas. Lula classificou a ação como uma “matança” e defendeu a abertura de uma investigação federal para apurar as circunstâncias dos confrontos.

A operação, realizada na última semana nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio, tinha como objetivo o cumprimento de mandados de prisão contra integrantes da facção criminosa. Segundo dados divulgados pelas autoridades estaduais, ao menos 117 suspeitos e quatro policiais morreram durante os confrontos.

Em sua fala, o presidente afirmou que a decisão judicial autorizava prisões, e não execuções. “Vamos ver se a gente consegue fazer essa investigação. Porque a decisão do juiz era uma ordem de prisão, não tinha uma ordem de matança, e houve matança”, declarou Lula, durante entrevista em Belém (PA), onde participa de eventos preparatórios para a COP30.

Lula também sugeriu que legistas da Polícia Federal participem do processo de apuração das mortes, com o objetivo de garantir uma investigação independente. “Estamos tentando ver se é possível os legistas da Polícia Federal participarem do processo de investigação da morte”, disse o presidente.

A declaração de Lula contrasta com o posicionamento do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), que classificou a operação como um “sucesso” e afirmou, em ofício enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que a força empregada foi proporcional à resistência encontrada.

O caso gerou repercussão nacional e internacional, com entidades de direitos humanos e parlamentares cobrando esclarecimentos sobre o número elevado de mortes. O STF deve realizar uma audiência nesta quarta-feira (5) para discutir o episódio e avaliar possíveis medidas judiciais.

A fala de Lula marca uma mudança de tom em relação à nota oficial divulgada anteriormente por sua assessoria, que havia enfatizado a união entre os governos federal e estadual no combate ao crime organizado. Agora, o presidente reforça a necessidade de apuração rigorosa e respeito aos direitos humanos nas ações de segurança pública.